sábado, outubro 27, 2007

De João Cabral para Graciliano Ramos

Graciliano Ramos
Falo somente com o que falo:
com as mesmas vinte palavras
girando ao redor do sol
que as limpa do que não é faca:
de toda uma crosta viscosa,
resto de janta abaianada,
que fica na lâmina e cega
seu gosto de cicatriz clara.
*
Falo somente do que falo:
do seco e de suas paisagens,
Nordeste,debaixo de um sol
ali do mais quente vinagre:
que reduz tudo ao espinhaço,
cresta o simplesmente folhagem,
folha prolixa,folharada,
onde possa esconder-se a fraude:
*
Falo somente por quem falo:
por quem existe nesses climas
condicionados pelo sol,
pelo gavião e outras rapinas:
e onde estão os solos inertes
de tantas condições caatinga
em que só cabe cultivar
o que é sinônimo da míngua
*
Falo somente para quem falo:
quem padece sono de morto
e precisa um despertador
acre,como o sol sobre o olho:
que é quando o sol é estridente
a contra-pelo,imperioso,
e bate nas pálpebras como
se bate numa porta a socos.

Um comentário:

reastolfo ;) disse...

�aaa
alvanita na �reaaa!
=)
gostei desse poema!
=))
virei sempre aki tah liu?
bjoo
vc = presen�a no meu s2

;)